Hades (em
grego antigo Άδης,
transl. Hádēs), na
mitologia grega, é o deus do
Mundo Inferior e dos
mortos.
[1]
Equivalente ao
deus romano Plutão,
que significa
o rico e que era também um dos seus epítetos
gregos, seu nome era usado frequentemente para designar tanto o deus
quanto o
reino que governa, nos subterrâneos da
Terra.
Consta também ser chamado
Serápis (deus de obscura origem
egípcia).
[2][3]
É considerado um deus da "segunda geração" pelos estudiosos, oriundo
que fora de
Cronos
(
Saturno, na teogonia romana) e de
Reia, formava
com seus cinco irmãos os
Crônidas: as mulheres
Héstia,
Deméter
e
Hera, e
os homens
Posseidon e
Zeus.
[4]
Ele é também conhecido por ter raptado a deusa
Perséfone
(
Koré ou
Core) filha de
Deméter,
a quem teria sido fiel e com quem nunca teve filhos. A simbologia desta
união põe em comunicação duas das principais forças e recursos
naturais: a riqueza do subsolo que fornece os minerais, e faz brotar de
seu âmago as sementes - vida e morte.
[5]
Hades costuma apresentar um papel secundário na mitologia, pois o
fato de ser o governante do Mundo dos Mortos faz com que seu trabalho
seja "dividido" entre outras divindades, tais como
Tanatos,
deus da morte, ou as
Queres (
Ker) - estas últimas retratadas na
Ilíada
recolhendo avidamente as almas dos guerreiros, enquanto Tanatos surge
nos mitos da bondosa
Alceste ou do astuto
Sísifo.
[6]
Como o senhor implacável e invencível da morte, é Hades o deus mais
odiado pelos mortais, como registrou
Homero (
Ilíada
9.158.159).
Platão acentua que o medo de falar o seu nome fazia
usarem no lugar eufemismos, como Plutão (
Crátilo 403a).
[6]
O mito possui pequena influência moderna. Entretanto, foi objetivo de
análises pela psicologia e adaptações cinematográficas; dentre essas
últimas, a
Disney recriou-o em dois momentos distintos, um
em
1934 de forma experimental
[7],
e outro em
1997, como adversário de
Hércules.
Hades e
Perséfone
A união foi narrada por
Thomas Bulfinch como decorrente da luta havida entre os
deuses e os gigantes
Tífon,
Briareu,
Encélado e outros: após terem sido
aprisionados no
Etna,
os cataclismos provocados por suas lutas pela liberdade fizeram com que
Hades temesse que seu mundo fosse exposto ao Sol.
[11]
Então, a fim de verificar o que estava se passando, finalmente Hades
decide sair de seu reino, montado em seu carro de negros corceis. Estava
Afrodite,
naquele momento, sentada no
monte
Érix junto a seu filho
Eros (então personificado como
Cupido) e
desafiou-o a lançar suas flechas no deus solitário quando, por ali, a
filha de Deméter transitava no vale de Ena (uma pradaria siciliana),
igualmente solteira.
[11]
Flechado pelo Amor, Hades rapta a bela sobrinha que, apavorada, clama
por socorro à mãe e suas amigas mas, sem ter como reagir, acaba
resignando-se. Hades excita os cavalos a fugirem o mais depressa
possível até que chegaram ao rio Cíano, que se recusou a dar-lhe
passagem. O deus então feriu-lhe a margem, abrindo a terra e criando uma
entrada para o
Tártaro.
[11]
- Outras variantes do mito colocam a sobrinha e amada de Hades às
margens do rio Cefiso, em Elêusis,
ou aos pés do Monte Cilene, na Arcádia, local em que uma caverna levava
aos Infernos; noutras, próxima a Cnossos,
em Creta.
Também conta-se que Zeus, para ajudar o irmão na captura de Core,
enquanto ela colhia flores, postou um narciso (ou um lírio) na beira dum
abismo e ela, ao colher a flor, caiu, pois a Terra se abriu, ao
aparecer Hades para capturá-la.[4]
Deméter parte numa busca inútil à filha, indo de
Eos (a
Aurora)
até as
Hespérides (no poente). Em sua peregrinação salva
um menino, a quem incumbe de ensinar a agricultura aos homens.
Desesperançada, pára à margem do mesmo rio Cíano onde a filha fora
levada. A
ninfa que ali habitava fica oculta,
temendo represálias do deus dos Infernos, mas deixa fluir sobre as águas
a
guirlanda
que Perséfone derrubara ao ser levada. Ao vê-la a deusa se revolta,
culpando a terra por seu sofrimento: a maldição que lança provoca a
infertilidade do solo e a morte do gado.
[11]
Vendo a desolação provocada pela vingança da deusa, a fonte
Aretusa
resolveu interceder. Procurando Deméter, conta sua história - de como
fora perseguida por
Alfeu, no curso do
rio de
mesmo nome e, ajudada por
Artêmis,
que lhe abrira um caminho subterrâneo para a fuga até a
Sicília,
viu então Perséfone sendo levada por Hades — ainda triste, mas já
ostentando o semblante de Rainha do Mundo Inferior.
[11]
- Uma variante narra a história da seguinte forma: após dez dias
Deméter foi auxiliada por Hécate, deusa da lua
nova, que a levou até Hélio, o Sol; este ter-lhe-ia contado o
que ocorrera, acrescentando que o rapto fora consentido por Zeus.
Dissera mais: que aceitasse o ocorrido, pois Hades "não era um genro sem
valor". Mas a mãe, em seu desespero, recusa o conselho e, magoada com
Zeus, abandona o Olimpo e passa então a vagar na terra como uma velha.[12]
A deusa de imediato vai ao Olimpo, onde pleiteia a Zeus fosse a filha
restituída. O Senhor dos Deuses consente, impondo contudo a condição de
que Perséfone não tivesse, no mundo inferior, ingerido alimento algum —
uma condição que faria com que as
Parcas
vedassem-lhe a saída.
Hermes, guia das almas, é enviado como mensageiro
junto a
Primavera.
Hades concorda com o pedido mas, num ardil, oferece a Perséfone uma
romã, da
qual a jovem chupa alguns grãos, selando assim o seu destino, pois
jamais poderia se libertar dos Infernos.
[11][13]
Apesar de ter a esposa para sempre presa ao Submundo, o deus das
sombras faz um acordo com a sogra, anuindo que Perséfone passasse uma
parte do tempo ao seu lado e outra, com a mãe. Deméter concorda com o
ajuste, e devolve à terra sua fertilidade.
[11]
Os monarcas Hades e Perséfone não apenas governavam as almas dos
mortos, mas tinham o papel de juízes da humanidade depois da vida. Nisto
eram auxiliados por três herois que foram, em vida, reconhecidos por
seu senso de justiça e sabedoria:
Minos, seu
irmão
Radamanto
e
Éaco
que, numa versão mais tardia, era o responsável pelas portas do mundo
inferior.
[14]
Philip Wilkinson e Neil Philip dizem ser o tempo que Perséfone passa
na terra junto à mãe, fazendo germinar e crescer as plantas, o
equivalente à
primavera e o
verão;
em contrapartida, quando volta para Hades, tem-se o
inverno -
quando a Terra é forçada a sofrer uma morte temporária.
[15]